Esta procura externa, motivada pela qualidade de vida, clima e segurança, tem efeitos visíveis em regiões como o Algarve e em grandes centros urbanos como Lisboa. No Algarve, os cidadãos britânicos continuam a ser um dos principais grupos de compradores, vendo a região não apenas como um destino de férias, mas como um “investimento inteligente”.
A estabilidade económica, os preços competitivos em comparação com outros destinos mediterrânicos e a forte rentabilidade do arrendamento sazonal são fatores decisivos.
A presença de uma comunidade britânica bem integrada e o facto de o inglês ser amplamente falado facilitam a adaptação. Em Lisboa, o fenómeno é alimentado por profissionais estrangeiros que trabalham remotamente, beneficiando de regimes fiscais vantajosos e de um custo de vida que, embora crescente, ainda é apelativo face a outras capitais europeias.
No entanto, esta chegada massiva cria uma “economia paralela” e contribui para o aumento do custo da habitação, tornando a cidade “a capital mais inacessível da Europa para comprar casa”, segundo um artigo.
A antropóloga Fabiola Mancinelli explica que estes vistos foram criados para “atrair estrangeiros desejáveis”, que se espera que tragam o seu próprio trabalho e consumam na cidade. Contudo, a crescente disparidade de rendimentos entre locais e estrangeiros gera tensões sociais e um sentimento de exclusão entre os portugueses, que veem a sua própria cidade tornar-se inacessível.














