Um estudo recente revela que uma percentagem significativa de famílias gasta uma fatia desproporcional do seu rendimento em custos habitacionais, agravando a sua vulnerabilidade financeira e o receio quanto ao futuro. De acordo com um estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica Lisbon School of Business and Economics, a habitação representa uma preocupação central para os portugueses. A análise, citada em múltiplos artigos, revela que 36,4% dos inquiridos gastam mais de 30% do rendimento do seu agregado em rendas ou prestações de crédito à habitação, um valor que ultrapassa a taxa de esforço recomendada. A situação é ainda mais grave para uma franja da população, com o estudo a notar um aumento no número de pessoas que despendem mais de 41% do seu rendimento com a casa. De forma alarmante, o patamar de quem gasta acima de 71% do rendimento com habitação cresceu de 0,7% em 2024 para 3,9% em 2025. Esta pressão financeira traduz-se num sentimento de insegurança generalizado: 65,3% dos portugueses manifestam receio com a evolução dos preços e cerca de metade mostra-se "muito preocupado com a possibilidade de continuar a ter acesso a uma habitação adequada". O problema da falta de habitação é também reconhecido a nível local, com a nova presidente da Câmara de Coimbra, Ana Abrunhosa, a admitir que a cidade se tornou num "enorme estaleiro" onde a falta de habitação "empurra os habitantes para os concelhos vizinhos". A crise de acessibilidade é, assim, um fenómeno transversal que afeta a qualidade de vida e gera uma ansiedade crescente, sendo um dos principais desafios sociais e económicos que o país enfrenta.