Portugal continua a enfrentar um grave problema estrutural de pobreza, com cerca de dois milhões de pessoas a viverem em risco de pobreza ou exclusão social. Os dados, divulgados por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, revelam que, apesar de uma ligeira descida na taxa de risco de pobreza para 16,6% em 2023, o número absoluto de pessoas em situação de vulnerabilidade permanece persistentemente elevado. O limiar da pobreza monetária em 2023 estava fixado em 632 euros mensais por adulto, afetando 1,8 milhões de pessoas. A situação é particularmente preocupante para os idosos, grupo em que a taxa de risco de pobreza aumentou de 17,1% em 2022 para 21,1% em 2023.
As famílias monoparentais continuam a ser as mais vulneráveis.
O custo da habitação surge como um fator central nesta crise, com um estudo da Católica Lisbon School of Business and Economics a indicar que 36,4% dos portugueses gastam mais de 30% do seu rendimento em rendas ou prestações, e uma percentagem crescente a ultrapassar os 41%. O caso de Isabel, uma mãe solteira licenciada que ganha 900 euros e paga 750 de renda, ilustra de forma dramática a pressão que a habitação exerce sobre os orçamentos familiares. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu que o crescimento económico do país “não tem tido tanto reflexo na vida de quase dois milhões de compatriotras quanto se desejaria”, apelando a que o combate à pobreza seja um “desígnio nacional”. A Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal alerta que, sem as transferências sociais, o risco de pobreza atingiria 21,4%, sublinhando a importância dos apoios públicos, mas também a sua insuficiência para resolver as causas estruturais do problema.
Em resumoApesar de uma ligeira melhoria nos indicadores, Portugal mantém cerca de dois milhões de pessoas em risco de pobreza, um problema estrutural agravado pelo crescente peso da habitação nos orçamentos familiares. Os idosos e as famílias monoparentais são os grupos mais afetados, e o Presidente da República alertou que o crescimento económico não está a beneficiar adequadamente os mais vulneráveis.