O aumento significativo da população imigrante em Portugal, que atingiu 1,5 milhões de residentes em 2024, intensifica o debate sobre a pressão no mercado de habitação. A concentração de novos residentes em áreas urbanas como Lisboa, Porto e Faro agrava a escassez de oferta e os desafios de acessibilidade. De acordo com o Relatório de Migração e Asilo 2024 da AIMA, o número de estrangeiros com autorização de residência em Portugal mais do que triplicou em sete anos, passando de 421.802 em 2017 para 1.544.000 no final de 2024. A maioria desta população (85,5%) está em idade ativa e concentra-se predominantemente no litoral, com 71,3% a residir nos distritos de Lisboa, Faro, Setúbal e Porto.
Este crescimento demográfico rápido e concentrado tem implicações diretas no mercado da habitação, aumentando a procura em zonas onde a oferta já é escassa.
O tema tornou-se central no debate político. O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho alertou que, se o ritmo de crescimento da imigração se mantiver, os portugueses poderão sentir-se "estrangeiros na sua própria terra".
Em contrapartida, o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo defendeu que "a imigração não é um problema, é uma oportunidade", argumentando que o país precisa de imigrantes para o desenvolvimento económico e para o equilíbrio da Segurança Social. Gouveia e Melo criticou a nova Lei dos Estrangeiros, considerando que a regulação "não foi a melhor" e que a economia "vai sofrer" sem trabalhadores para as funções menos qualificadas.
Este debate reflete a tensão entre a necessidade económica de mão-de-obra e o impacto social do aumento da procura por habitação e outros serviços públicos.
Em resumoO número de imigrantes em Portugal quadruplicou em sete anos, concentrando-se maioritariamente em zonas urbanas já sob forte pressão habitacional. Este crescimento alimenta o debate político sobre o seu impacto na crise da habitação, com vozes a alertar para a saturação e outras a defender a imigração como uma necessidade económica e demográfica para o país.