Com salários que não acompanham a subida dos preços e das rendas, muitas famílias veem o seu poder de compra diminuir e o seu estatuto socioeconómico ameaçado.

Um dos fenómenos que caracteriza a situação atual é a "compressão salarial", onde a diferença entre o salário mínimo e o salário médio tem vindo a diminuir. Enquanto o salário mínimo nacional tem tido aumentos significativos, o salário médio não avança ao mesmo ritmo, o que pressiona a classe média.

Esta estagnação salarial é particularmente grave quando confrontada com a escalada dos custos da habitação.

Os artigos referem explicitamente que "preços e rendas sobem mais rápido que os rendimentos", tornando-se um dos principais vetores de pressão sobre esta faixa da população. A equação é insustentável: gasta-se mais do que se ganha para ter um teto, forçando cortes em áreas essenciais como alimentação, saúde e educação.

Esta situação é agravada por uma carga fiscal elevada e por políticas públicas que, segundo os críticos, falham em proteger a classe média.

A recente controvérsia em torno da definição de "classe média" pelo Governo, associando-a a rendimentos mensais de 5.750 euros, é vista como um exemplo de como as políticas podem estar desalinhadas da realidade da maioria dos portugueses, cujos rendimentos são substancialmente inferiores. Em vez de políticas que aliviem a pressão, a perceção é que o Estado tem favorecido os interesses do mercado imobiliário, contribuindo para a perda de poder de compra e para a precarização da vida da classe média.