Apesar do fim da sua associação ao investimento imobiliário, o programa de Vistos Gold continua a prosperar e a evidenciar desigualdades no sistema de imigração português. A facilidade e rapidez no reagrupamento familiar para detentores de Vistos Gold contrasta drasticamente com as dificuldades enfrentadas por outros imigrantes. Em 2024, Portugal concedeu um total de 2.081 autorizações de residência por investimento, tornando-o no melhor ano de sempre para o programa, mesmo após a exclusão do investimento imobiliário como via de acesso. O sucesso contínuo do programa, agora focado noutras áreas de investimento, levanta questões sobre a equidade do sistema migratório.
Uma das críticas mais contundentes refere-se à disparidade no tratamento do direito ao reagrupamento familiar.
Para os detentores de Vistos Gold, este processo é descrito como sendo 15 vezes mais fácil e rápido em comparação com outros imigrantes que vêm para Portugal para trabalhar.
Esta diferença de tratamento é vista como uma transformação do "direito à família num privilégio" acessível apenas a quem tem capacidade de investimento. Enquanto centenas de milhares de imigrantes enfrentam longas esperas e processos burocráticos complexos na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) para legalizar a sua situação e trazer os seus familiares, os investidores beneficiam de um canal privilegiado. Esta dualidade de critérios no sistema de imigração português alimenta o debate sobre se o país está a criar um sistema de duas velocidades, onde os direitos fundamentais, como o de viver em família, são aplicados de forma desigual com base no estatuto económico do requerente.
Em resumoO programa de Vistos Gold continua a bater recordes mesmo sem a vertente imobiliária, mas expõe uma profunda desigualdade no sistema migratório português. O processo de reagrupamento familiar é descrito como sendo 15 vezes mais fácil para investidores abastados do que para outros imigrantes, transformando o que deveria ser um direito universal num privilégio acessível apenas a alguns.