As propostas, discutidas num encontro em Coimbra, refletem um profundo desacordo ideológico sobre o papel do Estado num problema que, segundo Filipe, afeta "a esmagadora maioria das pessoas [que] não tem dinheiro para comprar uma casa".
António Filipe, candidato apoiado pelo PCP, defendeu uma "forte intervenção pública" como chave para solucionar a crise.
A sua abordagem assenta em três pilares: a regulação do mercado de arrendamento para limitar a especulação e garantir estabilidade; o investimento direto do Estado na construção de habitação a custos acessíveis; e uma supervisão estatal rigorosa do mercado financeiro para limitar comissões bancárias e evitar "extorsões às famílias". Esta visão coloca o Estado como o principal agente regulador e promotor do acesso à habitação.
Em contraste, João Cotrim de Figueiredo, apoiado pela Iniciativa Liberal, argumentou que a solução reside fundamentalmente no aumento da oferta.
Apontou para a necessidade de construir entre 550 mil a 700 mil novos fogos, um número ambicioso face ao ritmo atual de apenas 20 mil casas por ano. Cotrim de Figueiredo desvalorizou o impacto de fatores como o Alojamento Local e a compra de imóveis por estrangeiros, classificando-os como "fatores irrisórios" e uma "gota de água" no parque habitacional português de mais de seis milhões de fogos.
O debate expôs, assim, duas estratégias antagónicas: uma focada no controlo estatal para garantir acessibilidade imediata e outra centrada na liberalização do mercado para estimular a construção a longo prazo, evidenciando a complexidade e a centralidade da crise habitacional na corrida presidencial.














