Um debate recente evidenciou a profunda divisão ideológica entre o intervencionismo estatal e as estratégias de mercado para resolver o problema da acessibilidade. O debate entre António Filipe, apoiado pelo PCP, e João Cotrim de Figueiredo, apoiado pela Iniciativa Liberal, cristalizou as duas principais correntes de pensamento sobre a crise.
António Filipe argumentou que o problema não é transversal, afirmando que "quem tem dois milhões de euros compra casa em Lisboa", e defendeu uma forte intervenção do Estado, incluindo o controlo de rendas, a construção pública e a supervisão do setor financeiro para travar a "extorsão às famílias". Em contrapartida, João Cotrim de Figueiredo identificou o desequilíbrio entre oferta e procura como a raiz do problema, propondo a construção de 550 mil a 700 mil novos fogos, um aumento massivo face ao ritmo atual de 20 mil por ano. O candidato liberal desvalorizou o impacto dos compradores estrangeiros e do alojamento local, considerando-os uma "gota de água" no parque habitacional de 6,4 milhões de fogos. Este confronto de ideias ilustra o dilema político central: priorizar a regulação de preços para proteger os inquilinos ou apostar no aumento da oferta para que os preços baixem naturalmente. A ausência de outros candidatos de peso sugere que o tema continuará a ser um campo de batalha, cabendo ao futuro Presidente um papel de moderação e influência nesta área crucial.














