Enquanto a ANA e companhias aéreas defendem a sua venda para evitar o aumento das taxas aeroportuárias, o Governo insiste que os terrenos serão utilizados para habitação.

A proposta de utilizar o valor gerado pela venda dos 470 hectares do atual aeroporto de Lisboa para financiar a construção do novo Aeroporto Luís de Camões foi apresentada por várias entidades, incluindo a concessionária ANA – Aeroportos de Portugal, durante o processo de consulta pública sobre o projeto. A ideia, apoiada por companhias aéreas, visa reduzir os custos do novo aeroporto e, consequentemente, evitar um aumento das taxas aeroportuárias que poderiam prejudicar a competitividade do destino Portugal.

A concessionária admite que esta opção poderia, de facto, travar a subida das taxas.

No entanto, esta visão colide frontalmente com a estratégia do Governo.

O Ministro das Infraestruturas já declarou publicamente que os terrenos da Portela, propriedade do Estado, não serão vendidos para este fim, mas sim destinados à construção de habitação, respondendo assim à grave crise que se vive na capital.

Esta divergência coloca em confronto duas prioridades nacionais: a necessidade de financiar uma infraestrutura estratégica sem onerar excessivamente os utilizadores e a urgência de aumentar a oferta de casas numa das cidades mais pressionadas da Europa. A decisão final sobre o uso destes terrenos, avaliados em milhões de euros, terá um impacto profundo não só no modelo de financiamento do novo aeroporto, mas também no futuro do planeamento urbano e da política de habitação em Lisboa.