A crise de acessibilidade à habitação em Lisboa atingiu um ponto crítico, sendo a pior entre as principais cidades da União Europeia, com os cidadãos a destinarem 116% do seu salário médio para a habitação. Este flagelo motivou a inclusão do tema da habitação, pela primeira vez, na agenda de uma cimeira do Conselho Europeu, por iniciativa do seu presidente, António Costa. Um relatório do Conselho Europeu, intitulado "Um teto, muitas realidades: a complexa crise da habitação na Europa", expôs a gravidade da situação em Portugal, particularmente na sua capital. Com base em dados do Deutsche Bank, o documento revela que os cidadãos em Lisboa necessitam de 116% do seu salário para pagar um apartamento no centro da cidade, um rácio que supera largamente outras metrópoles europeias como Barcelona e Madrid (74%) ou Viena (37%). Este dado alarmante insere-se num contexto nacional de forte escalada de preços, onde Portugal, a par da Lituânia, surge como o segundo país da UE com o maior aumento no custo da habitação desde 2015, com uma subida de 147%.
Perante esta realidade, que António Costa classificou como um "problema estrutural" transversal à UE, o presidente do Conselho Europeu considerou "essencial também pensar nas preocupações diárias dos cidadãos". Costa alertou que deixar este problema por resolver terá "consequências negativas", afetando a competitividade e arriscando "diminuir a confiança nas instituições" democráticas.
Por isso, o tema será discutido pela primeira vez ao mais alto nível pelos líderes europeus, que procurarão "soluções diversas" para "causas diversas", apesar de a habitação ser uma competência nacional.
Em resumoA crise da habitação em Lisboa é a mais severa da União Europeia, exigindo 116% do salário médio para habitação, segundo um relatório do Conselho Europeu. Este problema estrutural, que se insere num aumento de 147% nos preços em Portugal desde 2015, levou o presidente António Costa a agendar o tema pela primeira vez numa cimeira de líderes da UE, defendendo uma abordagem europeia complementar para evitar a perda de competitividade e a erosão da confiança nas instituições.