A situação reflete o desespero de muitas famílias que dependem destes subsídios para manter as suas casas.

O movimento “Porta-a-Porta”, que convocou o protesto, denuncia que os canais de comunicação com o IHRU, como telefone e internet, “estão inacessíveis”, obrigando as pessoas a deslocarem-se presencialmente aos balcões, onde são distribuídas apenas 20 senhas diárias em cada cidade. O porta-voz do movimento, André Escoval, lamentou que “os problemas vão de norte a sul do País, com cortes nos apoios às rendas e no programa ‘Porta65’”.

Os manifestantes relatam esperas desde a madrugada para conseguir atendimento e atrasos nos pagamentos que chegam a “mais de um ano”, levando “várias famílias ao desespero”.

A situação é reconhecida pela própria liderança do IHRU. O presidente do instituto, António Benjamim Costa Pereira, admitiu que o cenário é “gravíssimo”, especialmente no que toca à demora na resposta aos quase 60 mil beneficiários do Programa de Apoio Extraordinário à Renda (PAER) com a situação por resolver. Segundo o presidente do IHRU, o problema “não está no atendimento, o problema está no programa, que foi mal desenhado, mal feito e cria estes problemas”.

Esta falha sistémica gera uma enorme pressão sobre os serviços e deixa milhares de agregados familiares numa situação de grande vulnerabilidade, como expressava uma das tarjas no protesto: “fartos de escolher entre pagar a renda ou comer”.