Uma análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) revela um aparente paradoxo no mercado imobiliário português, onde as zonas com maior aumento de construção nos últimos cinco anos foram também aquelas que registaram as maiores subidas de preços. Este fenómeno desafia a teoria económica tradicional de que um aumento da oferta deveria moderar os preços e sugere que a dinâmica do mercado é mais complexa. Segundo os dados divulgados, os maiores aumentos de preços, superiores a 200% no último quinquénio, ocorreram na zona Metropolitana do Porto e na Região Autónoma da Madeira, precisamente áreas com um forte dinamismo na construção.
Esta correlação indica que o simples aumento da oferta não é suficiente para travar a escalada de preços, podendo até, em certos contextos, estar associado a fenómenos de valorização e especulação que impulsionam ainda mais os custos. Perante esta realidade, investigadores e coletivos ligados ao setor da habitação têm vindo a defender a necessidade de medidas regulatórias mais robustas.
Em vez de se focarem exclusivamente no aumento da oferta, propõem uma maior regulação do mercado de arrendamento e do turismo. Entre as propostas está a implementação de mecanismos de controlo de rendas em zonas de maior pressão e uma regulação mais estrita do alojamento local. A Rede H, uma rede colaborativa de investigadores, chegou a enviar uma carta aberta à Assembleia da República, subscrita por mais de 200 académicos e 13 coletivos, defendendo estas e outras medidas, como a proibição de casas vazias, para garantir um acesso mais equitativo à habitação.
Em resumoDados do INE mostram que os preços da habitação subiram mais acentuadamente nas regiões com mais construção nova, como o Porto e a Madeira. Este paradoxo sugere que aumentar a oferta por si só não resolve a crise de preços, levando especialistas a pedir maior regulação do mercado de arrendamento e do turismo.