A aquisição da primeira casa representa um dos maiores desafios financeiros para os portugueses, num contexto de subida acelerada de preços e de alterações nas condições de crédito. O fim de apoios temporários e a estabilização das taxas Euribor trazem novas pressões sobre as prestações mensais, exigindo um planeamento de poupança rigoroso. Para comprar uma casa de 250 mil euros, por exemplo, são necessários quase 37 mil euros de capitais próprios para cobrir a entrada de 10% e os custos iniciais como IMT, imposto do selo, escritura e comissões bancárias. Se o banco financiar apenas 80%, esse valor sobe para quase 62 mil euros.
Embora existam medidas de apoio para jovens até 35 anos, como a garantia pública para financiamento a 100% e isenções fiscais, estas não garantem a aprovação do crédito, pois os compradores devem cumprir o critério da taxa de esforço.
Um empréstimo maior implica prestações mais elevadas, o que pode inviabilizar o pedido para jovens com rendimentos mais baixos.
Simultaneamente, o ciclo de descida das taxas Euribor, que aliviou as prestações de crédito habitação desde finais de 2023, está a chegar ao fim. O especialista da DECO PROteste, Nuno Rico, alerta que “é possível que as subidas cheguem a todas as prestações” no início de 2026 e recomenda que “as famílias preventivamente tomem medidas”, como renegociar contratos, considerar taxas mistas de curto prazo ou aproveitar a isenção de comissão de amortização antecipada, que vigora até ao final do ano.
Em resumoA compra da primeira casa é um desafio financeiro crescente, exigindo dezenas de milhares de euros em poupanças iniciais. Com o fim de descontos no crédito e a estabilização das taxas Euribor, especialistas alertam para a necessidade de as famílias serem proativas na gestão dos seus contratos e reforçarem a poupança para enfrentar futuras subidas nas prestações.