A ineficiência do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) agrava a crise de acessibilidade, gerando protestos e desespero entre os inquilinos que dependem destes apoios para manter as suas casas.

O problema dos atrasos nos pagamentos dos apoios à renda tornou-se um ponto crítico na crise habitacional, motivando manifestações junto à sede do IHRU em Lisboa, organizadas pelo movimento Porta a Porta.

André Escoval, porta-voz da associação, relatou casos de beneficiários que, apesar de terem o apoio concedido em setembro de 2024, ainda não receberam qualquer pagamento, resultando em rendas em atraso. A situação é agravada pela dificuldade de contacto com o IHRU, que disponibiliza apenas 20 senhas diárias para atendimento presencial em Lisboa e no Porto, e cujas linhas telefónicas e emails frequentemente não obtêm resposta.

O próprio presidente do IHRU, Benjamim Costa Pereira, reconheceu a gravidade do problema, afirmando à Lusa que "as pessoas começaram a receber sem saber como e também deixam de receber sem saber porquê", classificando a situação como "gravíssima". Em resposta às acusações, o IHRU emitiu um comunicado rejeitando a existência de cortes e classificando as queixas como uma "campanha de desinformação". O instituto confirma que mais de 134.100 inquilinos beneficiam do apoio, mas admite que cerca de 43 mil processos foram suspensos devido a incongruências ou falta de documentos, como recibos do senhorio, situações que, segundo o IHRU, podem ser regularizadas pelos próprios utentes no Portal da Habitação. Esta dualidade entre o reconhecimento de falhas graves e a negação de problemas sistémicos evidencia a desconexão entre a administração e a realidade vivida pelos cidadãos, que enfrentam a ameaça de despejo enquanto aguardam por um apoio estatal que não chega.