O fecho de lojas e o desaparecimento de concorrentes indicam que a instabilidade na habitação está a ter um impacto negativo em indústrias adjacentes. A marca Gato Preto enfrenta um momento crítico, com dívidas que atingem os 49,5 milhões de euros e uma quebra de resultados de 9.200%.
A empresa tem vindo a encerrar várias das suas lojas, um sinal visível das dificuldades que o setor atravessa.
Embora a crise da marca seja também atribuída a problemas logísticos, como os ataques de piratas a contentores, o seu declínio ocorre num contexto mais amplo de contração no mercado de artigos para o lar. A compra e venda de casas, bem como o arrendamento, são motores fundamentais para o setor da decoração, uma vez que as mudanças de residência ou a aquisição de um novo imóvel impulsionam o consumo de mobiliário, têxteis e outros artigos domésticos.
Com a subida das taxas de juro a dificultar o acesso ao crédito à habitação e a incerteza económica a retrair o consumo das famílias, o dinamismo do mercado imobiliário abrandou.
Consequentemente, a procura por artigos de decoração também diminuiu, afetando diretamente a saúde financeira de empresas como o Gato Preto e outras concorrentes que têm vindo a desaparecer.
A situação da marca portuguesa serve, assim, como um barómetro das dificuldades sentidas por um ecossistema económico que depende diretamente da vitalidade do mercado da habitação.












