Dados da DECO revelam uma elevada vulnerabilidade financeira, com a habitação a tornar-se a principal causa de endividamento para este grupo etário. Segundo a DECO, a habitação ultrapassou o desemprego, o divórcio e a doença como a principal causa de endividamento das famílias portuguesas, sendo os pensionistas um dos grupos mais afetados. Natália Nunes, responsável pelo Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da associação, alerta para um aumento de pedidos de ajuda de reformados que, confrontados com o aumento das rendas e a falta de poupanças, recorrem ao crédito para pagar quartos ou habitações partilhadas. Os dados são alarmantes: os agregados familiares reformados acompanhados pela DECO têm, em média, quatro créditos ativos, com prestações mensais que rondam os 680 euros, face a um rendimento líquido médio de 1.150 euros.

Isto resulta numa taxa de esforço próxima dos 60%, muito acima dos 35% recomendados, o que demonstra uma "elevada vulnerabilidade financeira".

A situação é descrita como uma "bomba-relógio".

Perante este cenário, a associação de defesa do consumidor defende que "poupar para a reforma, em Portugal, é cada vez mais urgente" e apela à criação de incentivos estatais à poupança, bem como a programas de literacia financeira e à redução da carga fiscal sobre produtos como os depósitos a prazo, para que a poupança não seja um "privilégio de quem tem rendimentos elevados".