A habitação ultrapassou o desemprego e a doença como a principal causa de sobre-endividamento, segundo a associação de defesa do consumidor DECO PROteste. O Gabinete de Proteção Financeira da DECO PROteste registou um aumento significativo de pedidos de apoio por parte de pensionistas. Natália Nunes, responsável pelo gabinete, destaca uma mudança no perfil das dificuldades: muitos reformados, sem poupanças e com pensões que não acompanham o aumento do custo de vida, estão a contrair créditos pessoais ou a usar cartões de crédito para conseguir pagar as despesas mensais, incluindo a renda.

A situação é tão crítica que alguns são obrigados a aceitar viver em quartos, uma solução precária que “há alguns anos seria impensável para quem terminou a vida activa”. Os dados da associação revelam um cenário preocupante: os reformados que procuram ajuda têm, em média, uma pensão de 1.150 euros e quatro créditos ativos, com prestações mensais que consomem cerca de 680 euros, elevando a taxa de esforço para aproximadamente 60%.

Mais de metade vive em casas arrendadas, e apenas 24% possui casa própria.

A falta de produtos de poupança com rendibilidade acima da inflação agrava a situação, impedindo a criação de uma reserva financeira para a reforma. A associação defende a necessidade de respostas estruturadas para proteger esta faixa da população, cada vez mais pressionada entre rendimentos baixos e o aumento do custo da habitação.