As declarações inserem-se no seu discurso de candidatura, onde alertou para políticas “contraditórias, ineficientes” e influenciadas por “apetites gananciosos”.

Durante a apresentação da sua candidatura em Lisboa, a antiga coordenadora do Bloco de Esquerda foi perentória: “O Estado está a falhar-nos.

Falha na habitação, na saúde, na educação.

Falha nos cuidados”.

Para a eurodeputada, estas falhas são o resultado de políticas que não respondem às necessidades reais da população. No seu discurso, Catarina Martins associou a crise da habitação a um problema mais vasto de degradação da democracia e de desinvestimento nos serviços públicos. A candidata presidencial compreende que a “liberalização dos mercados de habitação e a persistência das desigualdades e da pobreza” tenham gerado na sociedade portuguesa “uma raiva e um ressentimento social crescente”. A sua intervenção reflete a crescente politização da crise habitacional, que se tornou um dos principais campos de batalha entre o Governo e a oposição. Ao posicionar a habitação como um pilar de um Estado funcional e democrático, Catarina Martins sinaliza que o tema será central no debate das próximas eleições presidenciais, ecoando o descontentamento de uma larga faixa da população que se sente excluída do mercado imobiliário. A sua crítica visa não apenas as políticas atuais, mas um modelo de desenvolvimento que, na sua ótica, tem beneficiado interesses privados em detrimento do bem comum.