A situação afeta de forma desproporcional os mais vulneráveis, como pensionistas e estudantes, que enfrentam rendas incomportáveis.

De acordo com um relatório da DECO PROteste, a habitação é agora o principal motivo de dificuldades financeiras para os portugueses. Natália Nunes, responsável pelo Gabinete de Proteção Financeira da associação, destaca uma mudança no perfil dos pedidos de apoio, com um aumento significativo de pensionistas a procurar ajuda. Muitos destes idosos, com pensões médias de 1.150 euros, veem-se forçados a recorrer a crédito pessoal ou cartões de crédito para conseguir pagar a renda, resultando em taxas de esforço que atingem os 60%. Esta pressão financeira empurra-os para soluções precárias, como o arrendamento de quartos, uma realidade que, segundo a especialista, seria “impensável há alguns anos para quem terminou a vida ativa”.

A crise não se limita aos mais velhos.

Os jovens estudantes enfrentam desafios semelhantes, como denunciou a presidente da Associação Académica da Universidade de Évora, Ana Beatriz Calado.

Na cidade alentejana, “um quarto arrendado pode custar entre 300 e 500 euros, muitas vezes sem recibo nem despesas incluídas”.

Esta realidade demonstra a transversalidade do problema, que afeta diferentes gerações em várias regiões do país, comprometendo não só a estabilidade dos idosos, mas também o futuro dos jovens que tentam prosseguir os seus estudos.

A escalada dos preços, agravada pela subida das taxas Euribor desde 2022, está a criar um ciclo de dívida e precariedade habitacional.