A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) colocou no mercado de arrendamento um conjunto de 36 imóveis, cujas rendas mensais variam entre 1.300 e 4.600 euros. A iniciativa, embora aumente a oferta de habitação na capital, gerou debate sobre o papel das instituições de solidariedade social no atual contexto de crise habitacional. Os imóveis em questão, localizados em diversas zonas de Lisboa, foram disponibilizados para arrendamento após processos de reabilitação. A oferta inclui diferentes tipologias, mas os valores praticados alinham-se com os preços de mercado, que são considerados proibitivos para a maioria das famílias portuguesas. A decisão da SCML de arrendar o seu património a preços elevados levanta questões sobre o equilíbrio entre a necessidade de rentabilizar os seus ativos para financiar as suas obras sociais e a sua missão de apoiar os mais vulneráveis.
Num momento em que a falta de habitação a preços acessíveis é um dos problemas mais prementes em Lisboa, a entrada destes imóveis no mercado com rendas elevadas é vista por alguns como um reflexo da incapacidade do setor social em oferecer uma alternativa real à especulação imobiliária. Por outro lado, a rentabilização do património é uma fonte de receita crucial para que a Santa Casa possa continuar a desenvolver a sua vasta atividade de apoio social noutras áreas.
Este caso ilustra a complexidade da crise habitacional, onde até as instituições com vocação social enfrentam dificuldades em conciliar a sustentabilidade financeira com a resposta às necessidades da população.
Em resumoA Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disponibilizou 36 imóveis para arrendamento com rendas que chegam aos 4.600 euros. A medida, embora aumente a oferta, suscita debate sobre o papel das instituições sociais no combate à crise da habitação, ao praticar preços de mercado inacessíveis para a maioria da população.