A urgência da medida é sublinhada por dados alarmantes: segundo o Eurostat, os preços da habitação na UE subiram 58% na última década, mas em Portugal o aumento foi de 147%.
Um relatório adicional coloca Lisboa entre as cidades onde o esforço para pagar a renda é maior, equivalendo a 116% do salário médio.
Perante este cenário, Bruxelas estima que sejam necessários investimentos anuais de 300 mil milhões de euros no setor da construção em toda a União. Contudo, a tese de uma “bolha” imobiliária em Portugal é refutada por representantes do setor. Manuel Maria Gonçalves, da APPII, argumenta que os dados do relatório europeu “são distorcidos” por se basearem em médias estatísticas e não em transações reais, sendo influenciados pela baixa realidade salarial do país.
“Em 2022, metade da população tinha um salário base inferior a 818 euros, o que faz subir artificialmente o rácio preço/rendimento, sem que isso signifique uma bolha de preços”, afirma, defendendo que o que existe é um “desequilíbrio estrutural entre a procura e a oferta”. Ricardo Guimarães, da Confidencial Imobiliário, partilha da mesma opinião, afirmando que “em termos de acessibilidade é evidente que existe um problema para resolver”, mas atribui-o a uma convergência dos preços da habitação a nível europeu que não foi acompanhada pela subida dos salários em Portugal.












