O impacto do turismo e do Alojamento Local (AL) na crise da habitação continua a ser um tema de intenso debate em Portugal, dividindo a opinião pública e os agentes do setor. Enquanto estudos apontam para a pressão sobre os preços e a falta de casas, a associação do setor de AL defende que o problema reside na ausência de políticas públicas eficazes. Um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos identificou a perceção generalizada de que o turismo é responsável pela “subida de preços e falta de casas”. Esta visão é corroborada por um barómetro da mesma fundação, que revela que 52,3% dos inquiridos apoiam a redução do AL para responder à crise habitacional, mesmo que isso tenha um impacto negativo no emprego. A Associação do Alojamento Local de Portugal (ALEP), no entanto, contesta esta visão, classificando o AL como um “bode expiatório” para a crise.
Segundo a ALEP, a perceção pública baseia-se em “narrativas simplistas e infundadas”, e o verdadeiro problema reside na falta de políticas públicas que incentivem a construção, a reabilitação e o arrendamento acessível. O presidente da ALEP, Eduardo Miranda, afirma que o debate político em torno do “nexo turismo-imobiliário” ignora o papel do setor na recuperação de imóveis degradados e na dinamização de zonas históricas.
A associação argumenta que a culpa é atribuída ao AL enquanto se ignoram outros fatores estruturais, como a escassez de nova construção e os atrasos nos processos de reabilitação.
Em resumoO papel do turismo e do Alojamento Local na crise da habitação é controverso. A perceção pública, refletida em inquéritos, apoia a redução do AL para aliviar a pressão sobre a habitação. No entanto, a associação do setor de AL rejeita esta narrativa, argumentando que é um bode expiatório para a falha do governo em implementar políticas de habitação eficazes.