As taxas de juro associadas aos contratos de crédito à habitação em Portugal continuam a sua trajetória descendente, atingindo em outubro o valor mais baixo desde abril de 2023. Esta tendência, que completa 21 meses consecutivos de quedas, representa um alívio para as famílias com empréstimos, embora o aumento do capital médio em dívida neutralize parcialmente este efeito. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação recuou para 3,180% em outubro, uma descida de 4,8 pontos base face a setembro. Desde o pico de 4,657% atingido em janeiro de 2024, a redução acumulada ascende a 147,7 pontos base.
Nos contratos mais recentes, celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro é ainda mais baixa, fixando-se em 2,850%.
Esta descida reflete a estabilização das taxas Euribor, às quais a maioria dos créditos em Portugal está indexada, e a predominância de contratos com taxas mistas em novas operações.
Apesar da queda dos juros, a prestação média mensal subiu ligeiramente para 394 euros, um euro acima do mês anterior.
Este aumento é explicado pela subida do capital médio em dívida, que atingiu 74.180 euros. Um marco significativo é que, pelo segundo mês consecutivo, a componente de juros representou menos de 50% da prestação (49,2%), algo que não se verificava desde abril de 2023, indicando que uma maior parte do pagamento mensal está a ser alocada à amortização do capital. Para os novos contratos, a prestação média é substancialmente mais alta, situando-se nos 667 euros, com um montante médio em dívida de 165.593 euros, valores que refletem os preços elevados da habitação no mercado atual.
Em resumoA contínua descida das taxas de juro no crédito à habitação oferece um alívio parcial às famílias portuguesas, com os juros a representarem menos de metade da prestação média. No entanto, o aumento do capital médio em dívida, impulsionado pelos altos preços das casas, continua a pressionar a acessibilidade, mantendo as prestações, especialmente as de novos contratos, em níveis elevados.