Relatórios europeus e dados nacionais pintam um cenário preocupante, destacando Lisboa como uma das cidades mais inacessíveis da Europa.
A pressão sobre o mercado habitacional português é evidenciada por múltiplos indicadores.
A Comissão Europeia sinalizou Portugal, juntamente com Espanha e a Croácia, como um dos países da zona euro com os maiores aumentos nos preços da habitação, prevendo que as "limitações persistentes da oferta" mantenham a pressão sobre os preços até 2027.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam esta tendência, com o índice de preços a subir 16,3% no primeiro trimestre de 2025 em termos homólogos, o maior aumento desde 2009.
O desequilíbrio entre a evolução dos preços e os rendimentos das famílias é particularmente gritante em Lisboa, que um relatório do Conselho da União Europeia identificou como a única capital europeia onde o valor médio da renda (116%) ultrapassa o salário médio.
Apesar deste cenário de inacessibilidade, o mercado de transações mantém-se dinâmico, prevendo-se a venda de quase 170 mil casas em 2025. Este paradoxo é explicado pelo facto de grande parte do volume de vendas ser impulsionado por famílias que já são proprietárias e procuram mudar de imóvel, enquanto uma fatia crescente da população, especialmente os mais jovens, enfrenta enormes dificuldades no acesso à primeira habitação. A oferta de casas novas, embora mais cara, continua a ser limitada, com o preço mediano por metro quadrado a ultrapassar em mais de 400 euros o das casas usadas.














