Um inquérito da Associação Industrial Portuguesa (AIP) revela que esta paralisia administrativa é um dos principais obstáculos ao aumento da oferta de habitação e ao desenvolvimento económico do país. O estudo da AIP detalha um cenário preocupante: deste montante, 730 milhões de euros correspondem a projetos que ainda aguardam pareceres, enquanto 490 milhões de euros referem-se a investimentos que acabaram por não se concretizar devido aos bloqueios.

A morosidade é um fator crítico, com 44% dos projetos a aguardar uma decisão há mais de dois anos e 14% há mais de cinco. As principais causas apontadas são os "complexos e morosos planos de tramitação das alterações de Planos Diretores Municipais (PDM)" e os processos de desafetação de Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN). As entidades identificadas como principais responsáveis pelos bloqueios são a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Em resposta, o Governo, através do ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, e do ministro da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, já anunciou a intenção de simplificar estes processos, incluindo a revisão do Código dos Contratos Públicos e da lei do Tribunal de Contas, nomeadamente no que diz respeito ao visto prévio.

O presidente da AIP, por sua vez, descreveu a situação como uma "burocracia cancerosa", apelando a uma maior vontade política para mudar o paradigma.