Enquanto o BCP e o BPI se mostram favoráveis, o Santander alerta para o risco de um maior aumento dos preços dos imóveis.

Atualmente, as regras macroprudenciais do Banco de Portugal limitam o financiamento a um máximo de 90% do valor do imóvel, sendo a exceção a garantia pública para a compra da primeira casa por jovens até aos 35 anos. A discussão sobre a generalização desta medida reflete a crescente dificuldade de acesso à habitação, em particular para quem não consegue poupar para o valor de entrada.

Miguel Maya, presidente do BCP, defendeu a mudança, argumentando que "não há nada que me faça desistir se achar que vale a pena mudar" e que as principais causas de incumprimento no crédito à habitação são o desemprego, a doença e o divórcio, e não o financiamento a 100%. Na mesma linha, o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, admitiu que se poderia ir "mais além" no financiamento. Em sentido oposto, o CEO do Santander, Pedro Castro e Almeida, entende que alargar a medida não seria uma boa ideia, sustentando que os empréstimos a 100% para jovens já estão a contribuir para a subida dos preços das casas.

Este debate espelha a tensão entre duas preocupações centrais: por um lado, a necessidade de facilitar o acesso à compra de casa para uma população com dificuldades de poupança; por outro, o receio de que tal medida possa alimentar ainda mais a espiral inflacionista no mercado imobiliário, agravando o problema da acessibilidade a longo prazo.