Estes números, divulgados por portais imobiliários e citados em vários artigos, pintam um quadro de grande dificuldade para a população, especialmente nos grandes centros urbanos.

Cidades como Funchal, Faro e Lisboa destacam-se como as mais críticas.

No Funchal, a taxa de esforço para arrendamento chega aos 100%, e em Lisboa, para a compra de casa, atinge os 111%, o que significa que o rendimento médio familiar é insuficiente para cobrir apenas os custos habitacionais.

Esta pressão é um reflexo direto do contínuo aumento dos preços das casas, que, segundo a Comissão Europeia, crescem a um ritmo superior ao dos rendimentos. Portugal é um dos países da União Europeia com taxas de crescimento de preços de dois dígitos, impulsionado por uma forte procura e uma oferta limitada.

A situação contrasta fortemente com as regiões do interior, como Bragança, Beja e Castelo Branco, onde as taxas de esforço são significativamente mais baixas, oscilando entre 18% e 28%. Esta disparidade acentua as assimetrias regionais e a desertificação do interior.

A crise é de tal forma grave que a Comissão Europeia prepara um plano de ação para a habitação acessível, a ser apresentado em dezembro, reconhecendo que o problema é transversal a vários Estados-membros, mas particularmente agudo em Portugal.