Esta dupla pressão reflete a complexidade e a controvérsia em torno do impacto do AL no mercado imobiliário.

De acordo com o Barómetro do Turismo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a maioria dos portugueses reconhece a importância do turismo para a economia, mas defende um maior controlo sobre o seu crescimento e os seus efeitos na habitação. Os inquiridos percecionam que "muito alojamento foi transferido do mercado de habitação para o arrendamento de curta duração" e anseiam pela "reversão" desta tendência. Esta perceção pública alimenta o debate político sobre a necessidade de impor mais restrições ao AL, especialmente nas zonas de maior pressão urbanística, como forma de devolver casas ao mercado de arrendamento de longa duração. Paralelamente, o setor enfrenta constrangimentos de ordem administrativa. Na região Oeste, por exemplo, cerca de 2.600 registos de Alojamento Local estão em risco de serem cancelados por não terem submetido o comprovativo do seguro de responsabilidade civil obrigatório.

Esta falha burocrática, que pode levar à perda da licença, evidencia as dificuldades que muitos pequenos operadores sentem em cumprir todas as exigências legais.

Assim, o AL encontra-se sob um fogo cruzado: por um lado, a pressão social e política para a sua contenção e, por outro, os desafios regulatórios e burocráticos que afetam a sua operação diária, tornando o futuro do setor cada vez mais incerto.