Este fenómeno, associado a períodos de crise económica, tem sido notado pelo Gabinete de Informação e Atendimento à Vítima (GIAV) do Campus de Justiça de Lisboa, que registou um aumento no número de pessoas idosas acompanhadas.
A coordenadora do GIAV, Iris Almeida, explica que "sempre que nós temos uma crise, e atualmente vivemos uma situação em que o preço da habitação está muito caro, muitas vezes o que acontece é que estes filhos voltam para casa dos pais".
A coabitação forçada gera tensões, frequentemente agravadas por problemas de saúde mental ou consumo de álcool e drogas por parte dos filhos. Nestes contextos, os principais agressores são os próprios filhos, netos ou, por vezes, cuidadores.
Uma particularidade revelada pela psicóloga é a motivação por trás das denúncias: muitos idosos não procuram a punição, mas sim uma forma de reabilitação para os seus familiares.
"Muitas vezes, aquela pessoa idosa aquilo que nos verbaliza sempre é: 'eu só denunciei, porque quero que o meu filho ou a minha filha se trate'", relata Iris Almeida.
O GIAV adapta os seus procedimentos à fragilidade das vítimas, realizando diligências em casa ou nas instituições onde residem, demonstrando a sensibilidade do sistema judicial para estas situações complexas, que espelham o impacto profundo da crise habitacional na estrutura familiar e na segurança dos mais vulneráveis.














