A sua intervenção surge em resposta a declarações de alguns banqueiros que se mostraram favoráveis a tal medida, mas o governador classificou-a como um dos “erros do passado” que não devem ser repetidos. Numa intervenção na CNN Portugal International Summit, Álvaro Santos Pereira advertiu que a estabilidade financeira é uma função “absolutamente essencial” do banco central e que as regras macroprudenciais, como a exigência de uma entrada para a compra de casa, são cruciais para evitar crises futuras. “Se os que não aprenderam com os erros do passado insistirem nesses mesmos erros, o banco central aqui está para atuar”, declarou o governador, sublinhando que a tendência em muitos países europeus é, inclusivamente, tornar estas recomendações vinculativas.

A posição do Banco de Portugal visa prevenir o sobre-endividamento das famílias e proteger o sistema financeiro de bolhas imobiliárias, como as que precederam a crise financeira global.

Ao exigir uma entrada, o regulador garante que os mutuários partilham uma parte do risco e demonstra uma maior capacidade financeira para suportar o empréstimo.

A insistência de alguns setores da banca num financiamento total é vista como uma forma de dinamizar o mercado imobiliário, mas o governador considera que tal medida comprometeria a estabilidade a longo prazo. A firmeza de Álvaro Santos Pereira sinaliza que, apesar da pressão do mercado, a autoridade macroprudencial não irá ceder em regras que considera fundamentais para a saúde da economia portuguesa.