O seu caso simboliza uma franja crescente da população: os trabalhadores pobres que, mesmo com um rendimento fixo, são empurrados para a exclusão habitacional.

Os dados oficiais da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA) confirmam a dimensão do problema, com mais de 13 mil pessoas identificadas como sem-abrigo no final de 2023.

O fenómeno já não se restringe a Lisboa e Porto, alastrando-se a cidades de média dimensão.

A subida vertiginosa das rendas, que em muitas cidades duplicaram na última década, e a precariedade laboral formam uma “tempestade perfeita”.

A gravidade da crise habitacional tornou-a uma prioridade política central, como sublinhado pelo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que a coloca ao lado da saúde e dos salários como um desafio fundamental para qualquer governação. A imagem de um trabalhador que “limpa as ruas que todos usamos” a dormir debaixo de uma ponte, como descreve o artigo, é uma metáfora poderosa da falha sistémica de um país onde o salário deixou de ser suficiente para garantir um teto.