Este reconhecimento oficial valida as preocupações crescentes da sociedade civil e dos agentes políticos sobre as dificuldades no acesso à habitação, num contexto de preços elevados e oferta insuficiente.

Enquanto o debate nacional se centra nas políticas a implementar, a nível local já existem iniciativas em curso para mitigar os efeitos da crise.

Prova disso é a distinção de 115 municípios com a bandeira verde de “Autarquia Familiarmente Responsável”, um prémio atribuído pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.

Na edição deste ano, o Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis destacou o enfoque particular dado pelas autarquias à habitação.

Dos municípios premiados, 104 apoiam a recuperação de habitações degradadas, 102 promovem o arrendamento e 63 incentivam a construção de raiz. Estas políticas locais representam uma resposta concreta e de proximidade aos problemas sentidos por mais de 1,8 milhões de famílias que residem nestes concelhos. Exemplos como o de Arcos de Valdevez, com programas de renda acessível e subsídios ao arrendamento, ou de Vila de Rei, que oferece materiais de construção para recuperação de casas, ilustram a diversidade de abordagens. A conjugação do reconhecimento da crise a nível central com a implementação de medidas concretas a nível local sugere uma consciencialização alargada do problema, embora a escala dos desafios exija uma estratégia nacional mais robusta e um financiamento adequado para complementar os esforços municipais.