Esta disparidade salarial, aliada à elevada precariedade, agrava a crise de acessibilidade à habitação para uma fatia considerável da população qualificada.
Segundo o estudo “Trabalho, Emprego e Proteção Social 2025” do CoLABOR, em 2023, os trabalhadores sobre-qualificados não só enfrentavam uma penalização salarial severa, como também estavam mais expostos a vínculos laborais atípicos, com 27% a terem contratos não permanentes.
A situação é ainda mais pronunciada entre a população imigrante, cuja taxa de sobre-qualificação escolar atinge 44,9% para os que possuem ensino superior, um valor muito superior ao da população autóctone.
O estudo sublinha que a precariedade contratual se mantém “muito elevada” no setor privado, com um terço dos trabalhadores a terem contratos não permanentes, sendo esta situação tipicamente involuntária.
Esta combinação de baixos salários para trabalhadores qualificados e a instabilidade laboral dificulta o acesso ao crédito à habitação e a capacidade de suportar rendas elevadas, contribuindo diretamente para a crise habitacional. A análise aponta ainda para a concentração de empregos “castanhos” (ligados a setores com altas emissões) e estima que até 300 mil postos de trabalho possam sofrer transformações profundas devido à transição climática, o que poderá introduzir mais instabilidade no mercado laboral e, consequentemente, na segurança habitacional das famílias.












