De acordo com a Polícia Judiciária (PJ) e o Ministério Público, a organização criminosa, que contava com a cumplicidade de dez militares da GNR e um agente da PSP, controlava cerca de 500 trabalhadores estrangeiros.
Os suspeitos aproveitavam-se da vulnerabilidade dos imigrantes, na sua maioria indocumentados, para lhes cobrarem “montantes arbitrariamente impostos, referentes a despesas de alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação”.
As buscas realizadas pela PJ revelaram a realidade habitacional destas vítimas: viviam em “casas sobrelotadas onde pernoitavam mais de uma dezena de pessoas”, “dormindo no chão em colchões”. Em Cabeça Gorda, no concelho de Beja, um café e um antigo lar ilegal serviam como dormitórios para os trabalhadores explorados. Esta situação de exploração habitacional era agravada por coação, ameaças e violência física, com os elementos das forças de segurança a funcionarem como “capatazes no terreno”, garantindo o controlo e a vigilância dos trabalhadores. O caso evidencia como a crise de habitação e a falta de fiscalização criam um terreno fértil para redes criminosas que exploram a necessidade de alojamento dos mais vulneráveis, transformando um direito básico num instrumento de coação e lucro ilícito.












