As notícias indicam que a situação de exploração era conhecida há vários anos, mas que pouco ou nada foi feito para a combater.

Comentadores como José Pacheco Pereira afirmam que se "fechou os olhos" ao problema, enquanto Alexandra Leitão e Pedro Duarte consideram o caso "repugnante" e uma prova da "falha da nossa política migratória".

A rede criminosa, que controlava cerca de 500 trabalhadores, aproveitava-se da "situação de fragilidade (documental, social e económica)" dos imigrantes para lhes impor condições de trabalho análogas à escravatura. Para além dos baixos salários, eram deduzidos "montantes arbitrariamente impostos, referentes a despesas de alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação".

A investigação revelou ainda o envolvimento de militares da GNR e de um agente da PSP, que seriam pagos para controlar e vigiar os trabalhadores, ameaçando-os para que não apresentassem queixa.

Embora a maioria dos agentes tenha sido libertada por falhas processuais relacionadas com a transcrição de escutas, três civis ficaram em prisão preventiva, indiciados por crimes de tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal.

Este caso trouxe a público a dura realidade habitacional de muitos imigrantes que sustentam setores como a agricultura no Alentejo, vivendo à margem da sociedade e sem acesso a condições dignas.