O Governo português e a Câmara Municipal do Porto apresentaram formalmente em Bruxelas a candidatura da cidade para acolher a nova Autoridade Aduaneira Europeia (EUCA), um projeto de grande relevância estratégica para Portugal. No entanto, o próprio presidente da autarquia, Pedro Duarte, admitiu que o difícil acesso ao mercado habitacional e a crise da habitação em Portugal constituem um entrave à candidatura. A apresentação da candidatura, que concorre com outras oito cidades europeias como Roma, Haia e Málaga, destacou as “condições excecionais” do Porto, incluindo o seu passado ligado ao comércio e às alfândegas, as suas acessibilidades e a preparação para acolher os funcionários da agência já no próximo ano, num edifício a ser construído na zona de Ramalde. Apesar do otimismo, o presidente da Câmara do Porto reconheceu as dificuldades.
“Apesar de admitir entraves como o difícil acesso ao mercado habitacional dada a crise da habitação em Portugal, Pedro Duarte disse aos jornalistas portugueses em Bruxelas que o Porto ‘é uma cidade especial em muitos aspetos’”.
Esta admissão evidencia como a crise da habitação transcendeu a esfera social e económica interna, tornando-se um fator crítico na competitividade internacional do país.
A capacidade de uma cidade para atrair e fixar talentos e instituições de relevo está cada vez mais dependente da sua capacidade de oferecer condições de habitação acessíveis, um desafio que o Porto e o país enfrentam de forma premente.
Em resumoA candidatura do Porto para sede da Autoridade Aduaneira Europeia é um teste à capacidade de Portugal competir no palco internacional, mas a crise da habitação surge como uma vulnerabilidade reconhecida. O sucesso da candidatura poderá depender não só dos méritos técnicos da proposta, mas também da capacidade de apresentar soluções credíveis para o problema do alojamento, demonstrando que a cidade pode acolher de forma sustentável os futuros funcionários da agência.