Esta realidade, que torna o acesso à habitação uma miragem para muitos, motivou o Governo a delinear estratégias fiscais para incentivar a colocação de mais imóveis no mercado. A perceção de que é necessário um salário de cerca de 3.000 euros para arrendar uma casa em Lisboa sem comprometer a estabilidade financeira ilustra a dimensão do problema.
O desequilíbrio entre a oferta e a procura, agravado pela pressão turística e pelo investimento estrangeiro, levou os preços a níveis históricos.
Em resposta, o Governo incluiu no seu pacote para a habitação um conjunto de incentivos fiscais destinados a proprietários de imóveis devolutos. O objetivo é claro: aumentar a oferta no mercado de arrendamento a preços moderados. A estratégia, delineada no âmbito dos apoios à habitação, prevê reduções no IRS para senhorios que coloquem as suas casas a arrendar abaixo dos valores de mercado, bem como outros benefícios para novos contratos. Esta abordagem fiscal complementa o investimento direto em habitação pública e os apoios sociais, reconhecendo que a dinamização do mercado privado de arrendamento é uma peça fundamental para resolver a crise. A eficácia destas medidas dependerá, no entanto, da sua capacidade para convencer os proprietários a abdicarem de outras formas de rentabilização, como o alojamento local, e a optarem por contratos de arrendamento de longa duração a preços mais acessíveis.














