As mais de cem alterações propostas ao Código do Trabalho abrangem áreas com impacto direto na estabilidade e segurança habitacional dos trabalhadores, como as regras de despedimento, a duração dos contratos a termo e o teletrabalho. Entre as medidas mais polémicas está a possibilidade de o empregador pedir ao tribunal a exclusão da reintegração de um trabalhador despedido ilicitamente, o regresso do banco de horas individual e a revogação da norma que limita o recurso ao 'outsourcing' após despedimentos. A proposta alarga também as situações em que é permitida a contratação a termo, como no caso de trabalhadores que nunca tiveram um vínculo sem termo, o que, segundo alguns juristas, pode perpetuar a precariedade. O Governo defende que a reforma visa modernizar o mercado de trabalho e aumentar a competitividade, mas os sindicatos e a plataforma pelo direito à habitação "Casa para Viver", que também aderiu à greve, argumentam que a fragilização dos vínculos laborais agrava a crise da habitação, dificultando o acesso ao crédito e a capacidade das famílias para suportar os custos de uma casa. O executivo já apresentou uma segunda versão da proposta com algumas cedências, como o recuo na simplificação dos despedimentos em médias empresas, mas manteve as "traves mestras" da reforma, o que foi considerado insuficiente pelas centrais sindicais para desconvocar a paralisação.