A crise de acessibilidade à habitação em Lisboa está a provocar uma alteração visível no mapa do crédito à habitação em Portugal, com uma crescente procura a deslocar-se para o distrito de Setúbal. De acordo com um relatório recente do ComparaJá, Lisboa manteve a liderança nas simulações de crédito em novembro, com 35,8% do total, mas registou uma queda de 2,9 pontos percentuais face a outubro. Em contrapartida, Setúbal foi o único distrito com uma subida expressiva, passando de 13,5% para 15,2% das simulações no mesmo período.
Esta tendência reflete um movimento de descentralização impulsionado pelos preços elevados na capital.
Famílias, especialmente compradores mais jovens, procuram alternativas em zonas periféricas com preços mais competitivos e boas ligações à Área Metropolitana de Lisboa. Pedro Castro, do ComparaJá, destaca que “a pressão dos preços está a empurrar famílias para zonas periféricas” e que “Setúbal e a margem sul assumem um papel cada vez mais relevante”. O fenómeno evidencia como a dinâmica do mercado de crédito está a ser moldada pela dificuldade de acesso à habitação nos grandes centros urbanos, obrigando os compradores a procurar soluções em concelhos vizinhos, o que, por sua vez, contribui para a expansão da pressão imobiliária para estas áreas.
Em resumoA escalada dos preços em Lisboa está a redesenhar o mercado de crédito à habitação, com Setúbal a emergir como um polo de atração para compradores que procuram alternativas mais acessíveis. Esta migração da procura é um claro indicador do agravamento da crise de acessibilidade e do seu impacto geográfico.