Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) identificou uma ligação direta entre a crise habitacional e os deslocamentos forçados no Porto e o aparecimento de sintomas como depressão, insónias e ataques de pânico, transformando a instabilidade residencial numa questão de saúde pública.

Esta pressão não afeta apenas os desempregados.

Relatos de instituições de solidariedade social indicam um aumento de pedidos de ajuda por parte de famílias onde os membros trabalham, mas cujos salários são insuficientes para cobrir as despesas básicas, sendo a renda da casa um dos principais encargos. A expressão “a baixa não cobria a renda da casa” ilustra a situação de agregados que, perante um imprevisto como uma doença, se veem empurrados para a pobreza devido aos elevados custos da habitação. Estes fenómenos demonstram que a crise está a corroer a resiliência das famílias da classe trabalhadora e a gerar um ciclo de precariedade que vai além da dimensão financeira, afetando profundamente o bem-estar e a estabilidade emocional dos cidadãos.