Este diagnóstico coloca o país no epicentro da crise habitacional europeia, evidenciando um desfasamento crítico entre o custo das casas e os rendimentos das famílias que se tem agravado desde 2016. Segundo os dados divulgados por Bruxelas, o crescimento dos preços da habitação em Portugal começou a ultrapassar o dos rendimentos em 2016, uma tendência que se intensificou nos anos seguintes. Este fosso entre o custo de aquisição de uma casa e a capacidade financeira dos agregados familiares aumentou de forma particularmente acentuada em Portugal, mas também em países como os Países Baixos, Hungria e Irlanda.

A análise contextualiza a situação portuguesa no panorama europeu, onde, em média, os preços das casas aumentaram até 60% desde 2015, com alguns Estados-membros a registarem subidas superiores a 200%.

A sobrevalorização em Portugal é mais visível nas áreas metropolitanas e em zonas com elevada procura turística, onde a escassez de oferta se cruza com uma procura intensa, tanto interna como externa.

Este cenário de preços inflacionados foi um dos principais fundamentos para a apresentação do primeiro plano europeu para a habitação acessível, que visa, entre outros objetivos, combater a especulação imobiliária e aumentar a oferta para equilibrar os mercados.