Enquanto o plano europeu se apresenta como uma estratégia industrial e financeira, o pacote do Governo português assume-se como um choque fiscal e administrativo, gerando um debate sobre qual a abordagem mais eficaz.

Tanto Bruxelas como Lisboa concordam na necessidade de agilizar os licenciamentos para acelerar a construção e aumentar a oferta de habitação acessível para a classe média.

No entanto, as ferramentas escolhidas são distintas.

O plano europeu aposta na mobilização de fundos públicos e privados, na revisão das regras de auxílios estatais para permitir mais investimento público e na promoção de métodos construtivos inovadores, como a construção modular. Em contrapartida, o Governo de Luís Montenegro concentra a sua estratégia em incentivos fiscais, como a redução do IVA para 6% na construção para rendas acessíveis e a diminuição do IRS para senhorios, procurando estimular o setor privado através da redução de impostos. Esta abordagem fiscal é criticada num artigo de opinião, que a considera "às avessas das preocupações europeias", argumentando que medidas como a redução do IVA para casas até 648 mil euros e rendas até 2.300 euros podem, na prática, aumentar as margens de lucro dos promotores sem garantir uma baixa de preços para o consumidor final.

Outra diferença notória reside na regulação do Alojamento Local: enquanto Bruxelas prepara legislação para dar mais poder aos municípios, o plano português não prevê alterações nesse sentido, mantendo a regulação a nível local.