Lisboa foi classificada em 2025 como a capital mais inacessível da Europa para a compra de casa, com uma relação entre o preço dos imóveis e o salário médio de 21 para 1. Este rácio alarmante, juntamente com um poder de compra que, na Grande Lisboa, embora acima da média da UE, não acompanha a escalada dos custos, evidencia a profundidade da crise de acessibilidade na capital portuguesa e as crescentes tensões sociais. A atratividade de Lisboa para investimento e turismo, impulsionada em parte por um PIB per capita que se situa em 128,9% da média da União Europeia, tem tido um efeito perverso no mercado imobiliário. Os preços da habitação e dos serviços foram empurrados para níveis europeus, enquanto os salários da maioria da população não acompanharam na mesma proporção.
Esta dinâmica criou o que um artigo descreve como uma "economia paralela", onde um influxo de profissionais estrangeiros com rendimentos mais elevados e, até recentemente, benefícios fiscais, contribui para a inflação dos preços, tornando a cidade inacessível para muitos residentes locais. O resultado é um sentimento de exclusão e desconforto.
Uma residente lisboeta de 60 anos, citada num artigo, lamenta a "certa arrogância na forma como alguns estrangeiros se movem pela cidade", descrevendo um quotidiano onde "dois mundos partilham as mesmas ruas, mas raramente os mesmos cafés".
A crise afeta não só a compra, mas também o arrendamento, com o limiar de pobreza na Grande Lisboa a ser mais alto devido ao custo de vida, tornando tecnicamente pobres residentes com rendimentos superiores à média nacional.
Em resumoCom uma relação preço-salário de 21:1, Lisboa é a capital europeia mais inacessível para comprar casa, uma crise alimentada por um desfasamento entre o elevado custo de vida e os rendimentos locais, o que gera crescentes tensões sociais e um sentimento de exclusão entre os portugueses.