A população imigrante em Portugal enfrenta uma situação de maior vulnerabilidade económica e social, com mais de um quarto a viver em situação de pobreza, ao mesmo tempo que o aumento dos fluxos migratórios se tornou o principal fator de pressão sobre o mercado de habitação. Esta dupla realidade é sublinhada por estudos recentes da Pordata e do Banco de Portugal. Um retrato detalhado da Pordata, divulgado no âmbito do Dia Mundial dos Migrantes, revela que 28,9% dos estrangeiros a residir em Portugal se encontram em situação de pobreza ou exclusão social, um valor quase 10 pontos percentuais acima do verificado na população portuguesa (19,2%).
O estudo aponta também para maiores dificuldades no acesso ao emprego e desigualdades de género mais acentuadas no mercado de trabalho. Esta vulnerabilidade económica agrava as dificuldades no acesso à habitação, num mercado já sobreaquecido.
Em paralelo, uma análise do Banco de Portugal sobre a crise habitacional identificou a imigração como o principal motor do aumento do número de famílias no país desde 2021. A entrada líquida de imigrantes, que atingiu uma média de 127 mil pessoas por ano, resultou num acréscimo de cerca de 52 mil famílias anuais a procurar casa, um número sem precedentes que intensificou o desequilíbrio entre uma procura elevada e uma oferta de construção que não tem conseguido dar resposta. Desta forma, os imigrantes são, simultaneamente, um fator de pressão sobre o mercado e uma das populações mais afetadas pela própria crise.
Em resumoA imigração desempenha um papel duplo na crise da habitação em Portugal: por um lado, o seu crescimento exponencial alimenta a procura por casas, exacerbando a escassez; por outro, a população imigrante é particularmente vulnerável à crise, enfrentando taxas de pobreza mais altas e maiores barreiras no acesso a uma habitação digna.