Esta análise demográfica e económica sublinha a necessidade urgente de aumentar a construção para mitigar as pressões sobre os preços.

O relatório, divulgado no boletim económico de dezembro, revela uma inversão profunda face às décadas anteriores.

Entre 2011 e 2024, o número de famílias aumentou a um ritmo muito superior ao da construção de novas habitações, com o défice a agravar-se de 4.000 para 14.000 alojamentos por ano. Este fenómeno é explicado por dois fatores demográficos principais: a redução da dimensão média dos agregados, que passaram de 3,4 pessoas em 1981 para 2,5 em 2021, e o aumento significativo do saldo migratório. Desde 2017, a imigração tornou-se a principal causa do acréscimo de famílias, explicando um aumento médio anual de 52 mil agregados entre 2021 e 2024. Em contrapartida, a oferta de novos fogos abrandou drasticamente, passando de uma média de 82 mil por ano (1981-2011) para apenas 22 mil no período mais recente. O governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, resumiu a solução em três prioridades: “oferta, oferta, oferta”, destacando que grande parte do constrangimento reside nos municípios, onde “os licenciamentos estão a demorar demasiado tempo”.

O estudo aborda ainda a questão das casas vagas, que, embora em número elevado, não são facilmente colocadas no mercado por serem antigas, necessitarem de obras, terem múltiplos proprietários ou devido à “insegurança e a instabilidade jurídica e fiscal” do mercado de arrendamento.