Um estudo académico revela que a poupança fiscal é rapidamente absorvida pelo mercado, levantando questões sobre a eficácia da política.
Uma investigação do ISCTE-IUL, citada em vários artigos, conclui que o benefício fiscal para jovens até 35 anos é neutralizado pela subida dos preços em poucos meses: entre três a quatro meses para imóveis de valor mais baixo e até 15 meses para os mais caros.
A medida, em vigor desde agosto de 2024, parece ter estimulado a procura sem um aumento correspondente da oferta, o que, segundo os autores do estudo, pode ter fomentado "um comportamento especulativo entre os vendedores". Esta dinâmica não só prejudica os jovens que a medida visava apoiar, cuja poupança é rapidamente consumida pela inflação dos preços, como também afeta negativamente outros compradores não elegíveis, que agora enfrentam um mercado ainda mais inflacionado. A análise, que comparou o mercado português com o espanhol (usado como controlo), identificou um aumento adicional médio de 0,26% por mês nos preços desde o anúncio da medida. Este fenómeno ilustra um dilema clássico das políticas de estímulo à procura num mercado com oferta inelástica: em vez de melhorar a acessibilidade, as medidas podem acabar por agravar o problema, inflando os preços e transferindo o benefício fiscal dos compradores para os vendedores. A situação evidencia a necessidade de políticas focadas no aumento da oferta, como a simplificação de licenciamentos e a disponibilização de solos, em vez de medidas que apenas impulsionam a procura.














