A falta de respostas sociais, nomeadamente vagas em lares ou na rede de cuidados continuados, mantém mais de 1.200 doentes internados em hospitais portugueses apesar de já terem alta clínica. Esta situação, conhecida como "internamentos sociais", bloqueia camas essenciais para doentes agudos e representa um custo de milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde. A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu a existência de mais de 1.200 casos a nível nacional, classificando a situação como "impossível de manter", especialmente durante o período de maior pressão sazonal. O Hospital de Vila Franca de Xira exemplifica a dimensão do problema, gastando mais de 6 milhões de euros por ano na contratualização de mais de 80 camas externas para estes doentes. Dados da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) apontam para um número ainda superior, com mais de 2.300 casos em 2025, um aumento de 20% em dois anos. A principal causa é a falta de vagas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).
O Governo prometeu anunciar "nos próximos dias" uma solução para "pelo menos algumas centenas de pessoas".
Em resposta, o Partido Socialista anunciou que irá propor no Parlamento o reforço do apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) para libertar mais de 2.000 camas, retomando um programa iniciado durante a pandemia.
Este problema evidencia a interligação entre as crises da saúde e da habitação/apoio social, onde a ausência de uma retaguarda eficaz na comunidade sobrecarrega o sistema hospitalar.
Em resumoMais de 1.200 doentes com alta clínica continuam a ocupar camas hospitalares por falta de vagas em lares ou cuidados continuados, um problema que custa milhões ao SNS. O Governo promete soluções, enquanto o PS propõe reforçar o apoio às IPSS para libertar estas camas, evidenciando uma grave falha na articulação entre saúde e apoio social.