Em Viseu, a Câmara Municipal identificou 60 pessoas a viver sem teto, na sua maioria homens portugueses com idades entre os 45 e os 60 anos, muitos em situação de desemprego. Em resposta, a autarquia está a desenvolver um plano de três fases: realojamento em habitações temporárias, capacitação para a empregabilidade e, por fim, a integração em habitação permanente através de uma candidatura ao programa Portugal Inovação.

Esta realidade local reflete uma tendência nacional de agravamento da crise social.

A Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo está em curso, mas o problema persiste. A análise do Banco de Portugal oferece um enquadramento macroeconómico para esta crise, revelando que, desde 2011, o número de agregados familiares em Portugal tem crescido a um ritmo superior ao da construção de novas habitações.

Este desfasamento estrutural, agravado pela imigração e por mudanças na composição dos agregados, resultou numa escassez crónica de casas disponíveis no mercado, pressionando os preços e dificultando o acesso à habitação para as camadas mais vulneráveis da população.

A discussão sobre soluções é complexa, com alguns analistas, como João Duque, a expressarem ceticismo quanto à viabilidade de recorrer ao mercado privado para alojar pessoas sem-abrigo, dado que os apoios sociais são insuficientes para cobrir as rendas.