O acordo, anunciado pelo Presidente norte-americano Donald Trump e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi recebido com um misto de alívio e apreensão. Por um lado, evitou a ameaça de tarifas de 30%, trazendo "previsibilidade e estabilidade", como salientou o ministro português Paulo Rangel. Por outro, o entendimento é considerado "muito exigente para a Europa" e não o "resultado perfeito" para nenhuma das partes, conforme admitiu o porta-voz da Comissão, Olof Gill. Para além da tarifa de 15%, o pacto prevê um compromisso europeu para a compra de 750 mil milhões de dólares em energia norte-americana e um investimento adicional de 600 mil milhões de dólares nos EUA. O impacto setorial é significativo. A indústria automóvel, que enfrentava taxas de até 27,5%, vê algum alívio, embora o novo patamar seja superior às taxas pré-conflito. O setor vitivinícola manifesta grande preocupação; Rui Paredes, presidente da Casa do Douro, advertiu para o impacto negativo que a "inconstância das políticas" da administração norte-americana já teve nas vendas, temendo que as novas taxas agravem a situação para um mercado "fundamental" e "muito valorizado". A Comissão Europeia indicou que setores estratégicos como semicondutores e componentes aeroespaciais poderão ser isentos, mas os detalhes finais ainda estão a ser finalizados, mantendo a incerteza para muitas empresas portuguesas e europeias que dependem do mercado transatlântico, onde se trocam diariamente cerca de 4,4 mil milhões de euros em bens e serviços.
