Este desempenho positivo, no entanto, foi acompanhado por um aumento similar das importações, que agrava o défice da balança comercial do setor.

A análise da associação Portugal Fresh, com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revela que o setor não só cresceu em valor, mas também em volume, com as vendas para mercados externos a totalizarem mais de 837 milhões de quilos, um aumento de 8,9% face ao período homólogo. O presidente da Portugal Fresh, Gonçalo Santos Andrade, destacou que "Portugal está cada vez mais competitivo" e "oferece produtos diferenciados, com segurança alimentar e de enorme qualidade", sendo a União Europeia o principal destino.

Contudo, o relatório evidencia um desafio estrutural: as importações também cresceram a um ritmo acelerado, aumentando 9,5% para 1.486 milhões de euros.

Este desequilíbrio levou a um agravamento do défice da balança comercial do setor. Face a este cenário, Gonçalo Santos Andrade sublinha a necessidade de uma resposta estratégica, afirmando que é preciso "ambição e de um compromisso sólido que permita desbloquear o enorme potencial do setor agrícola e reduzir o peso das importações".

Para tal, defende que "a cooperação entre agricultores e a concentração da oferta são necessidades estratégicas, bem como investimentos urgentes em infraestruturas de regadio e numa gestão eficiente da água".

A análise demonstra, assim, a dupla realidade do setor: uma crescente capacidade exportadora que coexiste com uma forte dependência do exterior, cuja mitigação depende de investimentos estratégicos e de uma maior coesão entre os produtores nacionais.